quarta-feira, 29 de abril de 2015

A variável preocupante do ano


Boa Vista SCPC
 A deterioração do mercado de trabalho neste ano parece inevitável: o mau andamento da economia e o consequente aumento das demissões em diversos segmentos produtivos evidenciam-se mês a mês, impactando a taxa de desemprego e os rendimentos reais. A inflação, que deverá rondar próxima de 8,0% no ano, colaborará adicionalmente para o aperto real dos ganhos.
A queda dos rendimentos tem impacto relevante no andamento da economia. A elevação contínua dos ganhos reais nos últimos 20 anos colaborou em muito para a melhoria da qualidade de vida da população e elevou os padrões de consumo, aumentando o dinamismo da economia.
Os dados divulgados hoje pelo IBGE, referentes a março, mostraram uma taxa média de desemprego nas regiões metropolitanas de 6,2%. Seu crescimento ocorre de forma acelerada e nas regiões metropolitanas do Nordeste, especificamente, atinge alarmantes 12%. Com relação ao rendimento real, a perda de 2,8% em relação ao mês anterior é a maior desde janeiro de 2003 na comparação mensal. Em relação a março do ano passado, a queda foi de 3,0%, a maior na comparação interanual desde fevereiro de 2004.
A piora na taxa de desemprego ocorreu tanto pelo aumento da desocupação quanto pelo aumento da procura por postos de trabalho na economia. Apesar do desemprego mostrar-se praticamente estável na comparação com fevereiro (1,5 milhão de desocupados), na comparação com o mesmo mês do ano passado houve aumento de 23%. Ademais, o incremento de 0,3% da população economicamente ativa na comparação interanual também contribuiu para aumento da taxa de desemprego.
Grande parte das pessoas que sai dos postos de trabalho não consegue se inserir rapidamente no mercado. O aperto dos orçamentos domésticos contribui para que pessoas da família que antes não trabalhavam (e constavam como economicamente inativas) busquem formas de complementar renda, aumentando consecutivamente o fluxo de entrada de pessoas economicamente ativas no mercado. Diminuir o rendimento, é ruim, nitidamente. Mas a ausência total de rendimento pode ser ainda mais preocupante.

Fonte: Boa Vista Serviços

Na alegria e na tristeza

Boa Vista SCPC
 A explosão do consumo de bens duráveis nos últimos anos ocorreu em grande parte devido à utilização do crédito como ferramenta auxiliar do varejo. Desde o último pico considerável do crescimento do crédito para consumo, de 20% no final de 2010, o crédito somente desacelerou, atingindo 5,1% no final do ano passado. Como era de se esperar, o comércio seguiu a mesma tendência: 10,9% de aumento de vendas para 2,2% em 2014.
Os dados da oferta de crédito refletem, em grande parte, a atual dinâmica de menor procura por crédito do próprio consumidor. O indicador divulgado hoje pela Boa Vista SCPC mostrou novo recorde negativo na Demanda por Crédito do Consumidor, mostrando queda nos valores acumulados em 12 meses de 9,4%. Considerando os segmentos que compõe o indicador, mantida a base de comparação, a demanda por crédito nas instituições financeiras já cai 9,0%, enquanto para o segmento não-financeiro (que inclui sobretudo empresas ligadas ao setor varejista) a queda foi ainda mais intensa, de 9,7%.
Até fevereiro deste ano, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE mostrou um resultado negativo em 6,5% para as vendas do varejo eletroeletrônico, de eletrodomésticos e móveis. E analisando somente o mês de fevereiro, o resultado foi o pior para um mês desde o início da série, em janeiro de 2000. Frente a isso, em notícia divulgada hoje no jornal Valor Econômico, alguns grandes produtores de eletroeletrônicos e eletrodomésticos surpreenderam-se negativamente após colher os resultados do primeiro trimestre do ano, com quedas que variam de 5% até 9% frente ao mesmo período do ano anterior. Os executivos do setor esperavam vendas mais fracas, já que parte do crescimento do ano passado foi influenciado pela Copa do Mundo, mas o resultado decepcionou.
Um fato que vem sendo corroborado é que o consumidor tem sido mais cauteloso em tempos de incerteza econômica. Contribuem para a intensificação da queda na procura por crédito fatores como a alta das taxas de juros e inflação consistentemente elevada, que tem apertado os orçamentos domésticos. Assim, crédito e varejo, duas variáveis imbricadas, casadas no papel, juntas cresceram no passado. Agora, época de turbulências no cenário macroeconômico, apesar de não correrem o risco de se divorciarem, amargarão juntas uma séria crise conjugal.

Fonte: Boa Vista

segunda-feira, 27 de abril de 2015

MOMENTUM

A OITAVA ONDA DE SERVIÇOS NO VAREJO

Marcos Gouvêa de Souza
Há algumas semanas a Amazon lançou nova oferta de serviços através do Amazon Home Services, ampliando alternativas para aumentar sua participação no total de dispêndios de seus consumidores. E, na semana passada, anunciou a ampliação de seus serviços na área de turismo e viagens, que começou a operar em 2012, com o lançamento da Amazon Destinations, nas áreas de Los Angeles, Seattle e Nova Iorque, dentro da mesma lógica.

No primeiro caso, a estratégia envolve cinco grupos de serviços. Para casa, para jardim, serviços automotivos, para eletrônicos e computação e o último grupo oferece lições em diversas áreas, que vão de música a temas específicos. Num primeiro momento, essa oferta está mais concentrada nas áreas de Seattle, San Francisco, Los Angeles e Nova Iorque e a disponibilidade é baseada na localização de acordo com o CEP do cliente ou do local onde o serviço será realizado.

A estratégia da Amazon de incorporar mais serviços em sua plataforma de atuação é absolutamente consistente com a tendência de aumento de dispêndios das famílias com esses itens, especialmente em mercados mais maduros. Vale sempre recordar que nas economias mais desenvolvidas o percentual de comércio e serviços no PIB é de 68% e com tendência de crescimento.

E a empresa inova mais uma vez ao criar uma plataforma de oferta em ambiente digital de serviços pessoais, domiciliares e automotivos, segmentados geograficamente, e agregando valor pelo processo de seleção, certificação e garantia dos prestadores desses serviços com aval de sua marca.

Os prestadores de serviços foram escolhidos e são monitorados pela Amazon e todos devem ter seguros específicos para os serviços oferecidos, bem como atestados de proficiência e qualificação técnica, segundo as especialidades oferecidas.

A incorporação de serviços pagos à oferta de produtos pelo varejo, criando soluções para os consumidores, foi uma das questões tratadas no livro “A Quinta Onda dos Serviços no Varejo” (1ª edição/2007) que posteriormente foi ampliado com a incorporação de duas novas ondas, identificadas em artigo publicado nesta série Momentum e esse movimento protagonizado pela Amazon deve ser caracterizado como a oitava onda nesse movimento.

A ampliação de oferta de serviços pagos integrados com produtos por varejistas tem crescido como resposta natural ao aumento da demanda por parte de consumidores, e, nos mais diversos setores, esse processo tem avançado, sendo marcantes os serviços de treinamento, extensão de garantia e manutenção da Apple, os treinamentos e viagens para práticas de esportes outdoor da REI, os cursos de culinária de redes de supermercados, as instalações de produtos das redes de home centers nos Estados Unidos.

Aqui mesmo no Brasil também é referência a colocação de pisos e revestimentos de algumas lojas e marcas como os feitos pela Portobello ou os projetos e instalação de armários que permitiram a reinvenção da indústria de móveis no Brasil, criando negócios integrados verticalmente e com relação direta com consumidores.

Mas tudo isso sempre caracterizou um imenso desafio para os varejistas.

A questão de sair de sua zona histórica de conforto de comprar e vender produtos para criar e administrar uma rede de prestadores de serviços, entrando na casa ou no escritório dos clientes, carregando a responsabilidade e o aval da marca do varejista, sempre fez arrepiar o pensamento dos dirigentes do setor. E com muita razão.
Mas não é possível fugir dos movimentos estratégicos e estruturais de mercado e coube a um varejista digital romper o processo inercial avançando no temido campo de ofertar serviços pessoais e domiciliares com a garantia da sua marca desconectado da venda de produtos.

O que temos nessa oitava onda é a inversão das lógicas anteriores.

Nas situações anteriores a compra do produto gerava a oportunidade da venda integrada de serviços para sua instalação. Na lógica emergente, o serviço é vendido e opcionalmente poderá haver a venda de produtos envolvendo a prestação de serviços.

O professor de música poderá orientar a venda de instrumentos musicais, o instalador de equipamentos eletrônicos orientará a compra de cabos e conectores, o jardineiro apoiará a compra dos equipamentos para limpeza e manutenção do jardim, assim como o mecânico apoiará as decisões de compra de novos equipamentos ou complementos.

O fator determinante da opção não será o produto em si, mas sim os serviços que criam a solução necessária para resolver o problema do cliente.

E, a partir desse novo quadro, os varejistas mais tradicionais necessariamente irão rever sua oferta de produtos e serviços, em busca de maior integração e, com a inevitável visão de que em cenários cada vez mais competitivos não existe opção, a não ser entregar cada vez mais solução.

Fonte: GS&MD – Gouvêa de Souza

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ponto Frio adota pagamento móvel em lojas

SOLUÇÃO FAZ PARTE DA REVITALIZAÇÃO DA MARCA.

O Ponto Frio é uma das primeiras grandes varejistas a adotar o pagamento móvel nas lojas. O serviço já está disponível em três unidades e deve ser estendido para outras lojas gradativamente. A novidade faz parte de um projeto de revitalização da marca, que tenta se posicionar como uma varejista inovadora.
O primeiro passo para implementar o serviço foi dar tablets para todos os vendedores - hoje cerca de 20 lojas do Ponto Frio já funcionam assim. Eles usam o dispositivo para consultar o estoque e apresentar mais informações sobre o produto.
A Via Varejo, dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, desenvolveu um sistema tecnológico próprio para fechar a compra no tablet. O pedido é feito como se fosse uma compra no e-commerce. Na hora de pagar, o cliente insere o cartão em uma máquina da Ingênico, conectada ao tablet via bluetooth. O cliente não passa no caixa, mas o vendedor tem de buscar um cupom fiscal impresso para entregar ao consumidor.
"A emissão do cupom impresso ainda é uma exigência da legislação. Com a adoção da nota fiscal eletrônica, isso não será necessário. O vendedor poderá enviar ao cliente a nota fiscal na hora por e-mail", explica o diretor de tecnologia da empresa, Julio Baiao.
A solução pode levar a mudanças no layout das lojas e até eliminar o espaço do caixa, afirmou o vice-presidente de operações da Via Varejo, Jorge Herzog. "É uma evolução natural, que vai acontecer quando o consumidor tiver confiança no pagamento móvel", explicou.
Para o coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM, Ricardo Pastore, a grande evolução no varejo só será plenamente percebida quando as lojas já forem construídas considerando o uso de novas tecnologias. "A loja do futuro terá mais espaço para os produtos e para experiências."
Tendência. Além da Apple, varejistas estrangeiras como J.C. Penney e Nordstrom estão usando opções de pagamento móvel para eliminar filas. No Brasil, no entanto, são poucas as varejistas que permitem que o cliente faça o pagamento sem passar no caixa.
A primeira a oferecer uma opção de pagamento móvel foi a gaúcha Paquetá, que fez um projeto piloto em 2013. Hoje há outras iniciativas em curso, como uma parceria entre o Suplicy Café e o PayPal, na qual o pagamento é feito no celular do cliente.
A Paquetá usou um dispositivo móvel acoplado no celular dos vendedores para fazer os pagamentos. "Tivemos diversos problemas na época. O maior deles foi que os adquirentes (donos das maquininhas) ainda não tinham soluções homologadas pelas bandeiras de cartão. Então, não dava para aceitar Visa ou Mastercard, só o cartão da nossa loja", lembra o diretor da Paquetá, Marcos Ravazzolli.
A empresa suspendeu o projeto, mas pretende relançar a solução nas lojas nos próximos meses. Desta vez, a companhia vai testar um sistema em que o vendedor pedirá o produto pelo celular e um funcionário que estará no estoque vai receber uma notificação para separar o produto, diz Ravazzolli. "O vendedor ficará mais tempo com o cliente. Queremos melhorar a experiência na loja."

Autor: MARINA GAZZONI
Fonte: O Estado de S.Paulo
Link: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,ponto-frio-adota-pagamento-movel-em-lojas-imp-,1666388