sexta-feira, 29 de maio de 2015

Tecnologia 'analisa' o consumidor


Jacilio Saraiva
Novas tecnologias criadas para o varejo identificam clientes que entram nas lojas, mandam promoções personalizadas via celular e até analisam o sorriso do consumidor depois do atendimento. A ideia dos desenvolvedores de pequeno porte é oferecer soluções de baixo custo que possam aumentar o fluxo de compradores nos pontos de venda, além de conhecer melhor perfis de consumo. Há opções a partir de R$ 100 mensais.
A Hanzo oferece uma plataforma que pretende atrair o consumidor para as lojas, por meio do celular. Segundo o CEO Federico Pisani Massamormile, é possível usar mensagens de texto (SMS) ou redes sociais para disparar programas de fidelidade e ações promocionais segmentadas. "Podemos enviar um cupom de desconto para um cliente que está na frente de uma gôndola de supermercado ou avisar o vendedor que um determinado usuário entrou na loja, informando suas preferências e histórico de compras", diz. "Os comerciantes podem aumentar o número de visitantes, o valor do tíquete médio e ainda conhecer melhor os gostos dos consumidores."
Mesmo com a recessão, o executivo garante que é alta a expectativa de venda da solução, em 2015. "O plano é triplicar o faturamento com essa linha de negócios", diz, sem revelar números. Entre lojistas, a Hanzo acumula nove clientes que somam 494 pontos de venda.
O preço da solução varia de acordo com as funções escolhidas e o número de lojas cobertas. Para se ter uma ideia, em redes de franquias, o custo varia de R$ 100 a R$ 150, por unidade, ao mês.
Na KiiK, a oferta é um aplicativo que funciona como uma carteira eletrônica, para realizar pagamentos em bares e restaurantes. O sistema captura um QR Code por meio da câmera do celular e paga as contas com um cartão de crédito previamente cadastrado. Está disponível em cerca de 100 estabelecimentos, em São Paulo, Fortaleza (CE) e Goiânia (GO) para cinco mil usuários ativos, segundo Alex Barbirato, um dos fundadores da companhia.
A ferramenta também auxilia o consumidor na busca dos locais indicados pela KiiK e envia notificações sobre o andamento da fila de espera nos restaurantes. "Graças às interações dos clientes, os empresários também podem medir o nível de satisfação do público e criar campanhas personalizadas", diz. O aplicativo é grátis para usuários da Apple Store e Google Play. Já os estabelecimentos pagam uma taxa de acordo com os valores transacionados.
Se a intenção do comerciante é analisar o comportamento do consumidor na loja, a Seed, criada no ano passado, desenvolveu uma solução baseada em câmeras e sensores que reconhecem as prateleiras mais visitadas e o fluxo de compradores. É possível observar características dos clientes, como sexo e faixa etária, e gerar análises sobre hábitos de consumo.
"O sistema também avalia a equipe de vendas, por meio da taxa de conversão ou do número de pessoas que saem da loja sem comprar", diz o CEO Francisco Forbes. É possível ainda identificar o tempo médio de permanência nas filas dos caixas ou a expressão de satisfação do cliente, depois da compra. "Observamos se ele sorriu ao se despedir do atendente." A solução já foi adotada em 800 pontos de venda e custa R$ 300 mensais. 

Fonte: Valor Econômico

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Como a Renner se sai bem no pior momento para o varejo na década


Adriana Mattos
Não anda nada fácil convencer o consumidor a gastar mais com moda no pior ano para o varejo na última década.
Roupas e calçados, produtos na liderança da lista de itens de compra por impulso, sofreram com os cortes no orçamento do consumidor. Por conta dessa desaceleração nas vendas, esses varejistas deveriam sentir, de forma unânime, o baque em seus resultados. Mas há consideráveis diferenças de desempenho entre as cadeias de capital aberto.
Enquanto Marisa e Hering perdem vendas, encolhem margem operacional e lucros caem de janeiro a março, a Renner apurou alta de 24% na receita, ganhou rentabilidade (quase quatro pontos, para 13%) e o lucro subiu 44%.
Na Guararapes, controladora da Riachuelo, com resultados melhores que Marisa e Hering, as vendas com mercadorias cresceu 16,8%, o lucro subiu, mas a margem operacional diminuiu.
Números já entregues e perspectivas de curto prazo também se refletem no valor em bolsa. Desde o começo do ano, a cada virada de mês, a Renner rompe um novo patamar de preço de ações. Entre fim de fevereiro e início de março, passou da faixa dos R$ 70 por papel e atingiu cotação superior a R$ 80. Em abril, entrou no patamar dos R$ 90, até que saltou, no começo de maio, para mais de R$ 105. A cada trinta dias, a ação se valoriza, em média, 10%, levandoa a um valor de mercado de R$ 14,3 bilhões na segundafeira 50% mais que o registrado no fim de 2014. No intervalo, a bolsa subiu 12,4%.
É um movimento oposto ao de suas concorrentes. Hering perdeu cerca de um terço de seu valor neste ano, e valia R$ 2,2 bilhões na segundafeira.
Na Marisa, a desvalorização foi de 12%, para R$ 2,4 bilhões. Guararapes, dona da Riachuelo, perdeu 12,6% do valor.
O que analistas passaram a relatar em relatórios são as razões das discrepâncias. São várias, e se estendem desde a origem do negócio das companhias até medidas estratégicas mais simples, como a agressividade da comunicação. A Renner parece errar menos. "Há uma combinação de fatores, sendo a gestão do negócio como fundamental. A rede tomou decisões corretas nos últimos anos que a colocam nesta posição atual e a ajudou a colocar num movimento anticíclico, oposto ao da dinâmica do resto do mercado", disse João Mamede, analista do Santander.
A Renner tem uma espécie de "colchão de segurança" maior. Especialistas citam, por exemplo, o fato de a cadeia ter mais lojas em shoppings do que nas ruas. Esses empreendimentos têm crescido numa velocidade, pelo menos, três vezes superior à média do varejo. Analistas calculam que 93% dos pontos da Renner estejam em shoppings, uma das mais altas taxas entre as cadeias. Apesar do custo de ocupação maior nos shoppings, como as redes de moda são lojasâncoras, que atraem tráfego, os contratos são melhor negociados. "O shopping cresce mais, e a Renner cresce junto", diz Mamede.
O perfil mais variado de público da Renner também ajuda a resistir na crise atual. Redes como Marisa e Hering seriam mais afetadas pela fuga da classe C das lojas. A Marisa tem foco principal nesse segmento, e já admitiu que sentiu retração na demanda. Na Hering, o impacto é maior nas lojas multimarcas (são 18 mil unidades, muitas em pequenas cidades, que respondem por quase a metade da receita trimestral da marca), onde boa parte da oferta é de itens básicos, que atendem a classe de menor renda.
Além disso, entra nessa conta o modelo de operação das redes. A Hering ao contrário das outras cadeias, opera o sistema de franquias, que pode reagir mal às crises. A companhia vendeu R$ 155 milhões em suas franquias no primeiro trimestre e menos de R$ 50 milhões em lojas próprias. Outros R$ 190 milhões vieram de pontos multimarcas. Portanto, mais de 1/3 de suas vendas são determinadas pela estratégia de franqueados, que, em tempos mais difíceis, reduzem a agressividade, protegendo caixa e buscando comprar mercadorias de menor valor, e às vezes, também de menor margem. "Hering tem menor controle da compra do que a Renner ou Riachuelo" diz o analista da Votorantim Corretora, Luiz Cesta.
Especialistas também observam que as aberturas de novas lojas da Renner há dois ou três anos foram mais acertadas do que de Marisa ou Riachuelo. Esses resultados entram no índice de vendas "mesmas lojas", que na Renner subiu 16,5% neste ano, ou duas vezes e meia acima da velocidade de crescimento na Riachuelo, a rede com o segundo melhor indicador de "mesmas lojas", com alta de 5,8%.
A rede ainda tem conseguido oferecer coleções que caem mais no gosto do consumidor. Com isso, acaba fazendo menos queimas de estoque, o que joga a margem para baixo. Já a rede Marisa teve que reposicionar sua coleção em 2014, tentando apostar mais em itens de menor preço, o que ainda não gerou o volume de vendas esperado. E a Riachuelo sentiu problemas de falta de produtos básicos em suas lojas no ano passado.
Análise da gestora de recursos Dynamo, com 5,1% das ONs da Renner, aponta razões da trajetória de resultados da rede. Menciona a contribuição relativa do resultado financeiro menor na Renner, "sugerindo uma exposição comercial mais robusta e menor exposição às flutuações dos ciclos econômicos". Numa avaliação do passado recente, a Dynamo cita um processo de mudanças de comando na empresa, após a saída da J.C.Penney, em 2005, que aconteceu sem solavancos.
"Enquanto a propriedade das ações trocava de endereço, o 'papel de dono' foi preenchido pela atuação de executivos competentes", escreveu, e sem perdas de peso da equipe que tem liderado a empresa na última década.
Sobre possíveis riscos, a gestora menciona o volume de capital investido na Renner, pois o aumento de recursos comprometidos exige retornos em momento econômico difícil e cita ainda o processo de sucessão de José Galló, presidente da companhia, embora considere a possibilidade de transição tranquila. 

Fonte: Valor Econômico

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sem dinheiro, brasileiro evita novas dívidas e compra menos a prazo

Mais endividado e com menos dinheiro no bolso ao fim do mês, o brasileiro passou a comprar menos a prazo para evitar os juros altos do crediário e o risco de ficar ainda mais no vermelho.
Um indicador que mostra essa tendência é o número de consultas para vendas a prazo ao banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Houve recuo de 4,69% em abril em comparação com o mesmo mês de 2014. Foi a terceira baixa consecutiva e a mais intensa dos últimos 13 meses –em março de 2014, a contração havia sido de 4,83%.
"As pessoas estão sem dinheiro e menos propensas a contrair dívida de longo prazo", diz a economista-chefe do SPC, Marcela Kawauti.
A psicóloga Marlene Maria dos Santos, 45, parou de comprar a prazo desde que perdeu o emprego, em dezembro. Após exercer a profissão em que se formou por mais de 20 anos, Marlene trabalha hoje com telemarketing para se sustentar.
Com apartamento novo, Marlene não compra mais a prazo para evitar os juros e o endividamento, mas não consegue mobiliar a residência.
"Hoje eu sobrevivo com o que eu ganho e só compro à vista, mas não consigo comprar quase nada", diz Marlene.
E 58% acham que a situação econômica do país deve piorar.
O cenário torna o consumidor cauteloso na hora das compras e muda seu comportamento na hora de escolher a mercadoria.
Para Rodrigo Mariano, gerente de economia e pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas), no setor de supermercados, a redução das vendas a prazo tem impacto principalmente em produtos mais caros, como os duráveis: geladeira, televisor e fogão, por exemplo.
Por outro lado, há aumento nas vendas de produtos mais baratos, como alimentos, segundo ele.
Para o economista Marcel Solineo, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), há impacto maior nas vendas a prazo quando comparadas às compras à vista por causa de altas taxas de juros e uma política mais cautelosa dos bancos para emprestar.
Especialistas ressaltam, no entanto, que, apesar de um fôlego a mais em um primeiro momento, os bens não duráveis também sofrem impacto do momento ruim na economia do país
Em tempos de crise, especialistas evitam fazer previsões para os próximos meses, mas aconselham cautela na hora das compras.
 "O consumidor tem de gastar o dinheiro de forma mais inteligente ao longo deste ano. Evite comprar a prazo porque à vista [o consumidor] consegue desconto e não se compromete no longo prazo. Faça reserva financeira", recomenda Marcela.

Fonte: Folha de S.Paulo

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Comércio varejista tem pior primeiro trimestre dos últimos 12 anos

SETE DOS DEZ SETORES PESQUISADOS PELO IBGE VENDERAM MENOS. VENDAS DE MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS CAÍRAM 6,7% EM RELAÇÃO A 2014.
O comércio varejista teve o pior primeiro trimestre dos últimos 12 anos. Sete dos dez setores pesquisados pelo IBGE venderam menos. A piora do emprego, da renda e o acesso mais difícil ao crédito afetaram setores importantes, como o de supermercados.
E um outro segmento, que foi símbolo da explosão do consumo na última década, agora sente o impacto da queda do poder de compra dos brasileiros.
Lojas vazias à espera de clientes que não chegam. Vendedores de braços cruzados. André Rangel até gostou do som, mas achou que não era a hora de comprometer o orçamento. “Não sei se é muito caro ou se eu estou ganhando pouco. Tem que pensar legal, porque tem muitas contas. As contas mais interessantes são mais importantes: os filhos, alimento, aluguel”, diz o montador do setor de petróleo.
Nos primeiros três meses do ano, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado. É o primeiro resultado negativo desde o primeiro trimestre de 2003.
O economista Fábio Bentes diz que a época de juros baixos, produção em alta e de crescimento do emprego e da renda desapareceu. Os incentivos fiscais da chamada linha branca foram cortados e a crise abalou a confiança de empresários e consumidores. “Esse modelo se esgotou. Aumento da energia elétrica, aumento do transporte público, dos combustíveis, de certa forma, roubaram esse potencial de consumo desse tipo de produto”, diz o especialista.
Em uma das ruas mais movimentadas do Centro do Rio, em uma loja de eletrodomésticos, tem geladeira, fogão e máquina de lavar com descontos de até 30%, mas essas promoções não têm sido suficientes para atrair os consumidores. Algumas pessoas entram, mas não fecham negócio. A maioria fica só na calçada mesmo. E até o produto oferecido como "imperdível" encalha. Só compra quem realmente precisa.

“Como todo bom brasileiro, paro um pouco, em época de crise, vamos ver. Isso não é essencial, não está fazendo falta, a gente espera sempre mais um pouco”, conta o militar da reserva Jonas Esperança. 

Fonte: G1

terça-feira, 12 de maio de 2015

Proposta de ajuste fiscal gera expectativa positiva no mercado de seguros

O conjunto de medidas que integram a proposta de ajuste fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, gerou uma expectativa positiva no mercado de seguros, com reflexos, inclusive, no Índice de Confiança e Expectativas do Setor de Seguros (ICSS), calculado a partir de pesquisa realizada pela Fenacor.
No mês de abril, o ICSS teve seu primeiro aumento no ano, fechando em 73,4% (4,6 pontos percentuais acima do mês anterior, quando havia sido apurado o mais baixo índice desde que a pesquisa foi criada, em novembro de 2012). Assim, o segundo trimestre do ano começa com aumento de confiança e sinalizando que as empresas de seguros podem estar um pouco mais otimistas.
O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, ressalta que o mercado de seguros tem algumas peculiaridades que precisam ser levadas em conta. “O setor continua apresentando um potencial elevado de crescimento, mesmo diante do cenário instável na economia. Em geral, a expectativa é a de que a queda de receita não seja tão elevada, como em outros segmentos da economia. Isso gera uma melhora na percepção das empresas sobre o futuro”, comenta o executivo.
Francisco Galiza, economista e coordenador da pesquisa, também alerta que ainda é cedo para conclusões: “Vale lembrar que, há 13 meses, o ICSS está abaixo de 100 pontos. Esse comportamento negativo é influenciado principalmente pelo fator que mede as expectativas dos agentes quanto à evolução da economia brasileira nos próximos seis meses”, analisa.
Na visão dele, trata-se de um aumento que ainda não caracteriza uma tendência, pois há um mês de avanço somente, após três meses de queda pesada. “Por enquanto, pode-se chamar de ajuste”, acrescenta Galiza.
Variação dos indicadores entre dezembro/2014 e abril/2015
tabela 1_
Cada índice reflete a visão de três segmentos do setor de seguros: seguradoras (ICES), resseguradoras (ICER) e corretoras (ICGC). O índice é calculado de 0 a 200, em pesquisa com 100 companhias do setor.
Expectativa com o crescimento da economia – Abril 2015
tabela 2_
Há mais confiança no crescimento da economia. Entre março e abril, a soma dos índices que apontam expectativas de um cenário “pior” e “muito pior” caiu de 82% para 78%, nas seguradoras; 77% para 63%, nas corretoras; e de 75% para 70%, nas das resseguradoras.
Faturamento
tabela 3_
No que se refere à expectativa sobre o faturamento do mercado de seguros, as respostas indicam que 63% das seguradoras; 50% das corretoras e 69% das resseguradoras esperam não ter perdas financeiras nos próximos seis meses, projetando um quadro “igual” ou “melhor” do que o atual. Chama a atenção a divisão entre as seguradoras. Enquanto metade aposta em aumento de faturamento, a outra metade teme queda da receita.
Para Galiza, nesse caso a trajetória é mesmo de baixa. “A divisão dos percentuais é um indicador que deve ser visto como um todo. A maior parte das grandes corretoras aposta que há uma tendência de queda no faturamento: 50% delas. 12% apostam em melhora. O restante com 38% acha que o segmento ainda vai conseguir continuar como está”, comenta o economista.
Já quanto à rentabilidade, o otimismo segue em alta para 62% das seguradoras e 58% das corretoras, que acreditam em melhora ou manutenção de seus números. Contudo, 62% das resseguradoras temem uma queda de rentabilidade.
Isso talvez possa ser explicado pelo fato de as resseguradoras terem registrado bons resultados em 2014 e de haver um consenso de que dificilmente tal cenário vá se repetir em 2015.
Rentabilidade
tabela 4_
Sobre uma avaliação dos quatro últimos meses e uma possível projeção do melhor cenário ao final do semestre, Galiza prefere não trabalhar com previsões. “Difícil dizer. Por enquanto, a torcida é que a situação como um todo não piore. A partir daí, esperamos que o cenário comece, aos poucos, a melhorar até o final do ano”, comenta ele, destacando que a palavra do momento para o setor é esperança. 

Fonte: Revista Apólice

terça-feira, 5 de maio de 2015

1,5 milhão entra na lista de inadimplentes em 3 meses

CLAUDIA ROLLI
Quase quatro em cada dez brasileiros estão inadimplentes no país. São 55,6 milhões de consumidores adultos impedidos de obter crédito, segundo levantamento da Serasa Experian de 31 março deste ano. Somadas, as dívidas chegam a R$ 235 bilhões.
Em 31 de dezembro, eram 54,1 milhões de pessoas na mesma situação, as quais deviam, juntas, R$ 218,6 bilhões.
Os dados mostram que 1,545 milhão de pessoas ingressou no cadastro de inadimplentes em três meses. Ou, por dia, 17.171 consumidores não conseguiram pagar dívidas bancárias (financiamento de carros, imóveis etc.) ou contas de luz, água, telefonia, além das feitas no varejo.
É o segundo maior patamar de inadimplência registrado pela Serasa desde junho de 2012, quando a empresa iniciou essa série histórica. Em 31 de agosto, eram 57 milhões de pessoas no cadastro.
Nessa ocasião, dois bancos haviam fornecido novos dados de devedores à Serasa, o que pode ter contribuído para elevar o patamar.
Após esse período, a empresa passou a mensurar os dados de inadimplência no último dia de cada trimestre e evitar o impacto de efeitos pontuais no cadastro.
RELAÇÃO
Com a alta do desemprego e dos juros, economistas e especialistas no setor de crédito acreditam que a tendência é de esse número aumentar ainda mais neste ano.
"O aumento da taxa de juros encarece as dívidas e dificulta o pagamento. Esse fator aliado à inflação, que corrói a renda do trabalhador, tem impacto na inadimplência", diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
A cada ponto percentual que o desemprego sobe, a inadimplência aumenta quase na mesma proporção –sobe 0,9 ponto percentual, segundo análise do economista. Para chegar a essa relação, ele comparou as taxas de desemprego (IBGE) e as de inadimplência bancária (do BC) trimestrais desde 2005.
"Como a tendência é de o desemprego continuar subindo no ano, a inadimplência deve superar o recorde do ano passado", afirma Rabi.
Em dezembro, o desemprego medido pela pesquisa mensal de emprego e desemprego do IBGE foi de 4,3%. Em março deste ano, 6,2%. Já a taxa básica de juros (Selic) passou de 11,75% ao ano em 3 de dezembro para 12,75% em 5 março deste ano.
"A massa salarial vai ser inferior à de 2014, e a tendência é a de juros continuarem subindo, o que contribui para aumentar o endividamento", diz o economista Fábio Silveira, sócio e diretor da consultoria GO Associados.
"A situação é preocupante para o consumidor e para as empresas, que deixam de receber pelo produto vendido ou serviço prestado. O país sofre os efeitos dessa queda do consumo interno."
Em média são quatro dívidas por consumidor. Juntas, somam R$ 4.223,17.
Até sexta-feira (dia 8), a Serasa faz um feirão on-line para ajudar o consumidor a renegociar suas dívidas. Os descontos, em média, têm sido de 60%. Mas houve casos de consumidores que conseguiram até 95% de desconto no valor total, segundo a Serasa.
DÍVIDAS SÃO NEGOCIADAS POR 60 DIAS
Na média, as empresas negociam o pagamento das dívidas por 60 dias. Encerrado o prazo, entram em contato com a Serasa Experian pedindo que ela envie aviso (carta) ao consumidor dando dez dias para ele quitar a dívida. Se ele não fizer o pagamento, no 11º dia seu nome entra na lista suja.

Fonte: Folha de S.Paulo

De modo geral, varejo está abrindo lojas

ESTA FOI A FALA DE LUIZA TRAJANO EM EVENTO NO VALOR ECONÔMICO.

Camila Maia
SÃO PAULO - O baixo nível de confiança do consumidor foi o que mais atrapalhou o desempenho da economia no início do ano, mas, depois de algumas medidas tomadas no início do ano, a expectativa é que o segundo trimestre seja "mais calmo" nesse sentido, afirmou Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, em evento de comemoração dos 15 anos do Valor, realizado em São Paulo. Segundo ela, "os resultados das vendas estão mostrando isso".
A queda da confiança do consumidor foi o que afetou diretamente a economia, afirmou a executiva. Para ela, outros fatores, como inadimplência, desemprego e endividamento estavam "sob controle", ao mesmo tempo em que a renda não caiu tanto.
A partir de agora, o governo precisa aprovar as medidas para impulsionar o crescimento no congresso. "Temos que tomar cuidado para não ter desemprego, não subir muito os juros e não ter inflação. É um quebra-cabeça grande", afirmou.
Luiza falou como presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), uma vez que o Magazine Luiza está em período de silêncio. Segundo ela, o setor de varejo como um todo tem segmentos que estão indo bem e outros que não, "mas de modo geral estamos abrindo lojas, ninguém do IDV reduziu investimentos que iria fazer".

Fonte: Valor Econômico